domingo, 10 de abril de 2011

Long Live Rock N` Roll: o Rock não morrerá

José Aparicio da Silva – Professor e Cientista Social

Aqui, no sul do Brasil, (terra dos “cawboys forever”, mesmo sem nunca ter montado a nada) o “sertanejo universitário” (aliás, esse nome é uma vergonha para a categoria que historicamente tem sido a problematizadora da sociedade) virou a voz do povo. Mas então o povo está mudo, porque esse sertanejo não diz nada. São letras sofredoras e preconceituosas, que incentivam a valentia, o alcoolismo e o machismo. Não há um mínimo de qualidade artística nesse mercado de duplas, apenas produzem “vozes de cabrito”.

E o rock, onde está? Morreu?

Essa máxima de que o rock morreu foi proferida inúmeras vezes ao longo dos anos. Ela assusta, mas não se concretiza. Se fizermos um retrocesso dos ritmos musicais que surgiram de 1950 para cá, veremos que muitos dos estilos morreram, mas o Rock não. Muitos desses foram tão efêmeros que precisamos forçar a memória para ter uma vaga lembrança.

É quase impossível decretar o fim de um gênero musical. Desde que ele seja autêntico, sério e comprometido. O jazz, por exemplo, já foi dado como acabado, mas os seus fãs continuaram a exaltá-lo e o mantém vivo. Com o Rock, a trajetória é parecida. O Rock se transformou, às vezes para melhor, outras para pior, mas permaneceu atuante, ainda que disperso em várias vertentes que se originaram dele. Ou como disse certa vez David Byrne, fundador da banda Talking Heads: "A música deixou de ser vital. Não possui mais o mesmo significado, mas a atitude rock não morreu".

Atualmente, em pleno século XXI, mesmo passados mais de 60 anos de sua criação, vários grupos de rock estão nas paradas de sucesso mundo afora. Estes dados são importantes para indicar a vitalidade do gênero. É impressionante o número de bandas de rock que vêm surgindo. Nem todas têm qualidade, devemos considerar, mas vale a intenção.

O Rock sempre adquiriu respeito pelo seu caráter criativo, ousado, estimulante, independente, libertário, e, acima de tudo, provocador, questionador. O comportamento é o lado mais resistente do rock. Desde sua origem ele causa intriga às gerações anteriores. Tenho certeza que o rock não morrerá tão cedo, porque convivo com adolescentes que ouvem, tocam e compreendem as músicas dos Beatles, Black Sabbath, Iron Maiden, Ramones, Pink Floyd, The Who, só para citar alguns de variados estilos.

Porém, para manter-se vivo nesse cenário, o rock exerce a função de dividir o espaço do mercado com os chamados “artistas do momento”, as “modinhas” que a mídia impõe como cópia mal feita de uma fração da cultura tosca norte-americana.

Sendo assim, os Rockmaníacos passaram a frequentar shows e ouvir programas de rádios (raros) que tocam música de qualidade. Em Ponta Grossa temos a Princesa FM, sintonizada em 89,7 MHz, com o programa “Rock N` Roll”, do jovem DJ Lucas Arnaldo, de 17 anos, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 21 às 22 horas. A rádio ainda tem um raio de abrangência curto, mas é possível ouvi-la pela internet em http://www.princesafmpg.com.br/.

Por essas e outras, é possível afirmar que o Rock não morreu, e mesmo não tendo tanto sucesso comercial, os apreciadores de boa música nunca vão deixar de preferir esse gênero, pois esse modelo é uma forma vital de expressão, seja artística, cultural ou mesmo político-social.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Uma carona, uma conversa e o salário mínimo!

A luta travada pelas centrais sindicais com o governo pelo reajuste no salário mínimo formula a cada momento uma autocrítica de minha situação política, e porque não da minha própria condição partidária. E não posso tomar outro posicionamento a não ser aquele que fique do lado dos trabalhadores.

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Foi então na quinta-feira, rumando ao Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa, eu e dois colegas, discutíamos o campo político ainda das eleições de 2010, que se comente, apoiei a presidenta Dilma do começo ao fim. Dentre as frases acaloradas que sempre acarretam em algumas desavenças, escuto o questionamento, ou melhor, a suposição que a eleição de José Serra poderia ser de melhor agrado, pois esta poderia formular nos movimentos sociais, nas entidades organizadas e nos demais campos, um espírito de levante social, capacitado a mudar as estruturas políticas do Brasil. Logo depois, a colega em questão declara seu voto a Plínio Arruda.

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Volto então em 2009, numa das falas de algum camarada do PCdoB no 12° Congresso do Partido, quando de fato a então candidata Dilma Roussef já se apresentava como o nome alavancado a continuar um ciclo democrático iniciado por Lula - onde o camarada cujo não me perdôo o esquecimento de seu nome - defendia a candidatura de Dilma Roussef com um argumento firme, com Dilma ainda seguimos no caminho de uma sociedade com menos desigualdades nos diversos segmentos básicos. Defendia também a candidatura de Dilma, mesmo encontrando no programa petista alguns pontos que discordava, porém alertou, com Dilma existe a possibilidade da conversa, do dialogo político.

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Nesta viagem insana, lembro de algumas falas do cotidiano, com amigos que defendiam a candidatura do ilustre Plínio Arruda, afirmando estes, que Dilma e Serra em nada se diferenciavam. Apesar de discordar veementemente de tal visão ainda os enxergava (enxergo) estes como forças que ainda jogam o jogo do meu lado. E convenhamos que as vaidades do ego estão presentes na esquerda desde que esta se coloca como tal. Dilma e Serra no mesmo balaio? Ambos tratam professor a paulada? Ainda insistem em afirmar isso? A Rede Globo e a VEJA que o digam...

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Agora chego ao meu quarto, de onde escrevo esses parágrafos desconexos, com a certeza ao mesmo tempo que tomei o lado certo de todo esse emaranhado feito na política brasileira sem perder o meu olhar crítico sobre as questões do atual governo, pois sei que mesmo quando discordo ainda serei ouvido.

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Que o leitor tente ou invente uma conexão de todas essas experiencias!